quinta-feira, 7 de junho de 2012

OS SUICÍDIOS NO CFCH E A FALTA DE INFORMAÇÃO


Por: Ed Cavalcante - Recebi hoje, em uma das escolas em que leciono, um ex-aluno meu que está se formando em Geografia pela UFPE. Entre outras coisas, ele me contou que mais um suicídio havia ocorrido no sinistro Centro de Filosofia e Ciências Humanas, conhecido como CFCH. Ele me falou, em tom de normalidade, que nos últimos três anos, quatro pessoas se mataram no citado espigão.

Conheço o CFCH muito bem, também estudei e perambulei por lá entre 1995 e 1999. Fui aluno do departamento de Ciências Geográficas. Nos quatro anos que frequentei o departamento, três pessoas se mataram. Não presenciei nenhuma dessas mortes, felizmente, mas ouvi vários relatos tenebrosos sobre essas fatalidades. Meu amigo Márcio, presenciou o suicídio de uma engenheira que trabalhou numa das inúmeras reformas ocorridas no prédio. Ouvir as pessoas falando sobre essas mortes sempre me deu calafrios.

O que sempre me espantou foi o fato da UFPE sempre conseguir abafar os suicídios. A imprensa sempre ignora as mortes ou publica notas discretas. Vasculhei a internet a procura de informações sobre essas mortes e não achei quase nada. As poucas informações tratavam de relatos de blogueiros sobre os casos mais conhecidos, como o do estudante húngaro Zoltan Venekey, que teria se jogado do prédio em 2007. Por estar completamente nu, muitos suspeitaram que ele teria sido assassinado. Essa versão nunca foi confirmada.

Seja como for, as notícias sobre mais essa fatalidade, evaporaram da rede. Viciado em seriados de tevê, lembrei do Arquivo X. Minha inglória investigação sobre os suicídios, lembraram os mistérios investigados pelo agente Fox Mulder. Aquela certeza de que o fato existe mas nada se pode provar. Muitos argumentam que a universidade abafa os suicídios porque a propaganda poderia incentivar novas mortes. A regularidade com que os acontecimentos vêm se sucedendo, desacreditam essa tese.

O pior de tudo é que essa aura macabra do prédio virou uma espécie de lenda urbana. Contraditoriamente, os fatos alimentaram a lenda. No período próximo do Sábado de Aleluia, grupos de alunos sobem até os últimos andares do prédio e jogam um “judas” ensopado de ketchup para assustar os transeuntes. Vi um boneco desses cair do meu lado, quase tive uma síncope.

Outra curiosidade do prédio: certa vez, durante uma aula noturna, num dia de chuva torrencial, lá no sexto andar, vi um cara descendo por uma corda fazendo rapel. Fui até a janela e vi um monte de soldados descendo pela fachada do prédio. Era um treinamento do exército. Como ninguém foi avisado, todo mundo ficou assustado.

O prédio do CFCH, erguido em 1950, foi o ponto de partida da UFPE. No seu entorno a universidade cresceu e se tornou o terceiro maior campus de federais do Brasil. Sua expansão se deu a partir de desapropriações. O grande espigão de quinze adares tornou-se uma espécie de “edifício Dakota” do campus. Os suicídios vão se sucedendo e a reitoria vai abafando os casos. Em 2011 duas pessoas já se mataram no prédio: uma em junho e outra em agosoto. Algum dia alguém vai ter coragem de falar sobre o assunto!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Questões de fusos horários

1- Um avião fez um percurso oeste-leste equivalente a 90º. Quando atingiu o ponto final, a hora no ponto de partida era 21:00h. Qual a hora da chegada?
Resolução: o enunciado diz que o avião partiu do "oeste para o leste". Essa informação determina para que  lado que a seta aponta, no caso, para a direita. Isso indica que você deverá SOMAR a quantidade de fusos percorridos porque o avião segue em direção ao nascente onde a hora é mais adiantada.

*Passo 1: Quantos fusos horários exitem em 90º? Basta dividir 90º pelo valor de um fuso, 15º. Sendo assim: 90 dividido por 15 é igual a "6". O avião percorreu "6" fusos que é o mesmo que 6 horas. 


*Passo 2: Basta somar (já que o avião está indo para o leste) as seis horas com a hora do ponto inicial, 21:00h. Sendo assim: 
21:00h + 06:00 = 27:00h que é o mesmo que 3:00h do dia seguinte. O avião, portanto, chegou às 03:00 do dia seguinte

Obs: 21:00h não é a hora da partida, é a hora do ponto inicial no momento em que o avião chegou ao ponto final, bem diferente.

2- Um navio fez um percurso leste-oeste equivalente a 60º. Quando atingiu o ponto final, a hora no ponto de partida era 01:00h. Qual a hora da chegada?

3 – Uma cidade “A” está localizada a 30º leste. Uma cidade “B” está localizada a 30º oeste. Se em “B” são 13:00h, qual a hora de “A”?
Resolução: Essa questão tem um formato diferente. Temos duas cidades em hemisférios opostos. Como a hora a ser determinada é a hora da cidade que está no "leste", a seta aponta para essa direção. Você já sabe que deverá somar a quantidade de fusos a hora da cidade "B" que está no oeste.

Passo 1: quando calculamos a diferença horária de cidades em hemisférios opostos devemos somar os meridianos em que elas estão localizadas. Sendo assim 30º+30º= 60º

Passo 2: Divida o resultado da soma dos meridianos por 15º (valor de um fuso horário) Sendo assim: 
60º dividido por 15º = 4  Entre as duas cidades existe uma diferença de 4 horas.

Passo 3: Determine a hora da cidade "A" somando a quantidade de fusos a hora de "B". Sendo assim:

13:00h + 04:00h = 17:00h é a resposta.

4- Uma cidade “A” está localizada a 100º oeste. Uma cidade “B” está localizada a 85º oeste. Se em “A” são 05:00h, qual a hora de “B”?
Resolução: Diferente da questão 3ª questão, agora temos duas cidades no mesmo hemisfério. Note que a cidade "B" está próxima do meridiano de zero grau. Seguindo a ordem crescente a partir do zero, o 85 vem antes do 100. Se a posição fosse invertida, a seta apontaria para esquerda e a questão estaria anulada.

Passo 1: Como as duas cidades estão no mesmo hemisfério, subtrai-se do meridiano maior para o menor e divide-se por 15 (valor de um fuso). Sendo assim:
100 - 85 = 15  15/15= 1 Entre as duas cidades, portanto, existe uma hora de diferença.

Passo 2: Como a seta aponta para direita, deve-se acrescentar uma hora a hora de "A". Sendo assim:
05:00h + 01:00 = 06:00 que é a hora da cidade "B"




Elaboração: Prof. Ed Cavalcante

terça-feira, 24 de abril de 2012

Os Holandeses No Nordeste

No século 17 a Holanda vivia um surto de liberdade e progresso, livre das âncoras de atraso que perduravam em outras regiões da Europa. A sua sociedade, a sua economia e as artes (que incluiam uma pintura de grande beleza e altíssimo nível artístico) experimentavam os benefícios de um capitalismo moderno, comandado pela ambição de uma poderosa burguesia. Uma expressão emblemática dessa nova economia era o ramo holandês da Companhia das Índias Ocidentais - hoje a chamaríamos de empresa transnacional - que estendia seus tentáculos pelo mundo e controlava grande parcela do comércio entre Oriente e Ocidente. Um Conselho de dezenove membros designou como Governador de Pernambuco o Príncipe João Maurício, Conde de Nassau. Foi uma escolha auspiciosa para o Brasil, porque se tratava de um amante das artes, um talento versátil e competente, com profundo interesse pelo Novo Continente.
Em 1637 inaugurou seu governo com diretrizes bem diferentes daquelas dos colonialistas portugueses, decretando “Liberdade de Religião e de Comércio”.
De sua comitiva constavam comerciantes, artistas, urbanistas, cidadãos alemães e flamengos. Há notícias de que teria vindo acompanhado de seis pintores, porém não temos registros de todos.
Como assinala Gilberto Freyre, “... O certo é que o primeiro gosto de governo democrático e largamente representativo, experimentaram-no os brasileiros durante o domínio holandês e sob a administração de um príncipe alemão da casa de Nassau, João Maurício. Foi também Nassau quem se esmerou em criar no Brasil holandês um ambiente de tolerância religiosa escandalosamente novo para a América portuguesa e irritante para os próprios calvinistas do seu séqüito. Nassau foi quem primeiro cuidou sistematicamente de libertar a economia da área brasileira produtora de açúcar, da monocultura, para desenvolver entre nós a policultura”...(in J.A . Gonsalves de Mello, Tempo dos Flamengos, pág. 17). Foi também no Recife sob domínio holandês que se afirmou uma parte importante da cultura israelita - muitos judeus ibéricos haviam antes buscado refúgio na Holanda - e nesse solo brasileiro se implantou a tradição dos judeus, especialmente dos sefarditas, que daqui seria irradiada para o norte do Continente Americano. Existem registros de que em 1636 uma sinagoga estava sendo erguida na cidade.
Muitos judeus holandeses encontravam-se ligados às atividades comerciais da Companhia das Índias, o que naturalmente os encaminhou para o Novo Mundo. Um judeu erudito de Amsterdã, Aboab da Fonseca, chegou ao Recife em 1642, tornando-se o primeiro rabino em solo nacional e no Continente. Em 1643, três anos após os portugueses terem recuperado a Coroa na metrópole, o Padre Antonio Vieira - mal visto, perseguido pela Inquisição e admirador de Aboab - recomendava ao Rei de Portugal que recorresse aos capitais dos cristãos-novos e dos judeus emigrados para ajudar as combalidas finanças lusitanas.
Recife e seus arredores eram então pouco mais que um aglomerado de ruas, com um pequeno perímetro urbano. Entretanto, a administração de Nassau já em 1637 dispunha de um sistema de governabilidade com a Câmara de Escabinos, ou seja, representantes públicos que corresponderiam hoje a um ágil tribunal de primeira instância. Foram criados hospitais, assessorias técnicas junto de cada aldeia de nativos e instituições de assistência, como uma Curadoria de Órfãos. Os holandeses manifestavam também preocupações urbanísticas, sendo o burgo limitado e apertado era, porém, muito cosmopolita, ali se acotovelavam e conviviam negros, índios, brasileiros de origem européia, portugueses, judeus, holandeses, franceses e alemães.
Todavia, as deficiências nos serviços que atualmente denominamos saneamento básico, não conseguiam evitar as doenças que se propagavam como epidemias, o escorbuto, o “mal do país” (gonorréia), havendo também grande proliferação de bordeis, abominados pelas comunidades religiosas. Mas existia a preocupação com serviços públicos, como os bombeiros para a prevenção dos incêndios freqüentes e os encarregados da coleta de lixo. O porto de Recife era objeto de cuidados especiais e sua limpeza obrigatória; quanto aos animais domésticos, não podiam ser deixados soltos, sob pena de pesadas multas. Era uma tentativa, inédita no Brasil, de viver em ambiente urbano razoavelmente civilizado.
Entretanto, os holandeses dependiam quase totalmente dos suprimentos da metrópole e não coordenavam uma estratégia competente e eficaz, de longo prazo, para a ocupação do território, ao contrário do que faziam os portugueses. Sua dificuldade em se estabelecerem e dominarem as zonas rurais também lhes seria fatal para o projeto de ocupação colonial. Estas circunstâncias têm uma explicação principal: o que interessava aos holandeses era o comércio do açúcar, não a sua produção. Esta estava bem organizada e funcionava sob o comando dos lusos, que utilizavam a mão-de-obra escrava e um complexo sistema de tarefas, no qual Nassau não pensava se imiscuir, nem substituir, sendo seu intuito predominantemente comercial.
Além disso, os habitantes que não viviam no perímetro urbano organizavam ataques de surpresa, utilizando táticas que em nosso tempo chamamos guerrilhas, o que impedia a interiorização dos holandeses.
Parece hoje impossível entender que Maurício de Nassau, que chegou ao Recife em 1637, tenha ficado menos de oito anos no Brasil, porque sua passagem deixou marcas indeléveis - e, no caso da pintura, uma herança sui generis, que não tem comparação com qualquer outra situação daquele Brasil Colônia.
Nassau era um grande-senhor, de gosto requintado. Incomodado com suas precárias instalações provisórias, mandou construir um palácio para morar, Vrijburg (Friburgo) que ocupava dezenas de profissionais, à maneira de seus congêneres europeus e outro, Boa Vista, para abrigar os poderes públicos. Quando a Companhia das Índias não dispunha de verbas, ele pagava do próprio bolso as despesas - e, para nossa felicidade, sempre manifestou grande interesse pelas artes.
Para a Colônia, era um homem além de seu tempo, preocupado com a ecologia. Com uma tecnologia incomum para a época, conseguiu transportar e transplantar com sucesso centenas de árvores frutíferas e palmeiras de grande porte. Conhecia e correspondia-se com personalidades européias.
Os motivos da partida de Nassau ainda suscitam dúvidas. A Companhia das Índias considerava as despesas dele excessivas, e de sua parte o Conde achava que os burocratas da Holanda careciam de uma visão histórica mais ampla e profunda, já que agiam como limitados comerciantes, pensando somente no curto prazo. Em 1641 verificou-se um breve período de calma entre os holandeses do Recife e os luso-brasileiros que dominavam o interior, especialmente ocupados com a produção nos engenhos de açúcar. No ano anterior, em Lisboa, os portugueses haviam retomado as rédeas do poder, que tinham permanecido durante sessenta anos sob a Coroa Espanhola. A situação continuava muito duvidosa, mas os dirigentes da Companhia, erroneamente, estavam tranqüilos e negociaram a volta de Nassau para a Europa. Em maio de 1694 ele deixou o Recife e voltou à Holanda, deixando em seu lugar uma junta de cidadãos holandeses. Mas a situação não parou de se deteriorar; as desavenças continuaram e - o pior - enquanto isso os preços do açúcar despencavam no mercado internacional. Após muitas escaramuças e batalhas, entre as quais as duas de Guararapes, em 1648 e 49, que foram amplamente favoráveis aos luso-brasileiros, em 1654 os holandeses se renderam.
O biógrafo do Conde, Caspar van Baerle (que assinava em latim Caspar Barlaeus) escreveu : ... Quem disse que Nassau não administrou e governou com prudência o Brasil, compare o que se fez antes dele e o que aconteceu depois...”
Outro viajante que esteve no Nordeste entre 1641 e 49 foi o alemão Johan Nieuhof, que escreveu o livro A Memorável Viagem, publicado somente após sua morte, onde nos dá testemunho da vida em Recife após a partida de Nassau. Deixou trabalhos de pouco mérito artístico, mas de interesse histórico.

OS PINTORES HOLANDESES EM PERNAMBUCO

Os mais notáveis foram Frans Post, irmão do arquiteto Pieter Post (provavelmente, este também fez parte da comitiva); e Albert Eckout, a quem o Brasil ficou devendo obras de grande originalidade e importância documental. Entre 1630 e 1654 foram produzidas no Nordeste brasileiro pinturas de reconhecido mérito, inclusive no espaço internacional e que constituem preciosa documentação do seu patrimônio histórico natural, de sua gente, de suas pequenas cidades e conjuntos rurais, além do registro da fauna e flora que apaixonaram os europeus.

FRANS POST (1612-80)

Frans Post é o artista mais importante do grupo. Pintor oficial do Governo Holandês das Índias Ocidentais, desenvolveu no Brasil uma obra gráfica e pictórica filiada às tradições da pintura holandesa de paisagem. Para entender este tipo de trabalho, precisamos nos debruçar sobre a sua “construção”, que seguia alguns cânones estéticos: o pintor partia de uma perspectiva tomada a partir de um ponto abaixo do horizonte; no primeiro plano, aberto, enquadrava-se uma ampla planície; o esquema do desenho do quadro buscava uma diagonal, de preferência acentuada por rios ou caminhos que ligavam o primeiro plano ao plano do fundo; o horizonte situava-se aproximadamente a um terço da altura do quadro.
Para um pintor europeu de paisagens, a natureza de Pernambuco daquela época era um banquete visual, bem diferente das cenas holandesas. Frans Post viveu em Recife entre 1637 e 1644, não lhe faltaram oportunidades para se embevecer com as cores e a topografia dos campos, para se encantar com os portos e as edificações militares, preocupações condizentes com as responsabilidades do seu cargo oficial.
Não conhecemos numerosas obras desta fase. Citaremos Vista de Itamaracá, Vista de Antonio Vaz e as quatro pinturas que Maurício de Nassau ofereceu ao poderoso Rei Luis XIV da França, que hoje constam do acervo do Museu do Louvre, em Paris: Rio São Francisco e o Forte Mauritius; Carro de Bois; Forte dos Reis Magos; Paisagem das Cercanias de Porto Calvo.
Nossa atenção volta-se para detalhes curiosos: Post utilizou a paleta de cores holandesa para representar as nossas cenas tropicais, mostrando um desenho sóbrio e simplificado, mantendo a luminosidade da atmosfera local. Enfim, foi o primeiro pintor que no Brasil registrou peculiaridades da nossa paisagem. Observando suas telas, constatamos uma rigidez um tanto geométrica, mas suavizada pelas saliências e detalhes que despertaram sua curiosidade. Os trabalhos aqui realizados até 1644 apresentam uma espontaneidade que depois se perdeu na sua pintura, quando executou paisagens “brasileiras” já longe do local de origem. No Brasil, Post foi um artista que soube transpor sabiamente as regras de seus mestres europeus. Tinha diante dos olhos as vistas espetaculares e originais do nosso país, uma natureza desconhecida que lhe oferecia desafios diferentes dos modelos da sua terra. As pinturas que aqui executou seguiram fiel e tecnicamente as surpresas de um olhar artístico, sensível e preciso, impregnado de suave e equilibrado lirismo.
Tendo voltado à Europa, Post continuou a pintar paisagens brasileiras, usando modelos aqui desenhados. Os preços modestos que essas obras alcançaram na época, permitem-nos afirmar que seus compradores não as consideravam obras primas, porém manteve-se seu lugar de destaque entre os pintores do século 17. Os seus quadros deste período conservam os aspectos típicos e exóticos das obras anteriores, mas agora complementados com pormenores de fauna e flora desproporcionalmente ampliadas - e colocados em primeiro plano, o que evidencia uma preocupação comercial. A natureza aparece mais frondosa, o sertão ficando dissociado, mais longe do olhar do observador, e as construções ganham assim espaço para aparecer. Neste exotismo abundante, o autor não hesitou em acumular aspectos nem sempre coerentes. Para corresponder tecnicamente a esta fartura, a pintura tornou-se cada vez mais nítida, exagerando o preciosismo dos traços e a paisagem foi envolvida em uma atmosfera mais límpida.
São usados recursos técnicos, como a luz nas fachadas, iluminando-se os planos mais distantes e obscurecendo-se os mais próximos. Acentua-se o contraste entre as roupas brancas e a cor da pele dos negros. Mas, evidentemente, o frescor da emoção instantânea do quadro pintado ao vivo é mais rico que os recursos e requintes artificiais e o exagero de detalhamento que caracterizam esta fase de Post.
Entretanto cabe reconhecer que, em sua passagem pelo Brasil, ele criou um espaço novo e original na pintura brasileira, cabendo-lhe um grande mérito em ter documentado a paisagem nordestina do seu tempo. Críticos assinalam a sua estadia por aqui como responsável pela parte mais original de sua produção. Fora das obras pintadas no Recife, sua criatividade e originalidade anuviam-se, mas seja qual for a opinião das análises, o fato é que, nas últimas décadas do século 20, o preço internacional das obras de Frans Post alcançou valores expressivos nos leilões europeus e norte-americanos.
Sua produção foi muito reduzida - acredita-se que menos de 300 obras - e no Brasil certamente se contam poucas dezenas e, em muito menor número, aquelas pintadas em solo nacional.
O Príncipe de Nassau encomendou a redação de uma obra que documentaria a sua administração no período pernambucano. Assim, em 1647 foi publicado em Amsterdã o livro de Caspar van Baerle: Casparis Barlaei Rerum per Octennium in Brasília, importante obra documental, hoje raríssima. Inclui cinqüenta e cinco gravuras de mapas e plantas, cenas da frota holandesa, vistas do litoral e paisagens, a maioria assinada por Frans Post. O British Museum de Londres conserva uma coleção de desenhos que serviram de base a parte do conjunto das gravuras.

ALBERT ECKHOUT (1610-65 ?)

Outro artista da comitiva e que para nós, afortunadamente, se apaixonou pelas gentes, a fauna e a flora do país, foi Albert Eckhout. Em 1636 participou da viagem de Nassau e permaneceu em Pernambuco até 1644, entretanto tendo visitado também a Bahia (1640) e o Chile (1642).
Sua comoção perante a opulência da natureza é evidente, o que se revela especialmente em seus tipos humanos e suas naturezas-mortas. Em 1654 o Conde de Nassau enviou para o Rei da Dinamarca, Frederico III, uma coleção de pinturas de Eckhout, da qual uma parte está no Museu de Copenhague. Além disto, baseando-se em apontamentos feitos no Brasil, já após ter regressado à Europa, o artista executou dezenas de painéis com espécies de aves brasileiras, devidamente identificadas, obras que permanecem no Castelo de Höfloessnitz, perto da cidade alemã Dresden.
Infelizmente o resto de sua produção perdeu-se. Se lembrarmos quantos conflitos armados eclodiram e se prolongaram naquelas regiões européias, poderemos imaginar que grande parte da obra deste artista ficou enterrada nos escombros dos bombardeios. Eckhout ficou esquecido e quase nem foi citado nos antigos registros de pintores (o Dicionário Benezit lhe concede apenas três vagas linhas...)
Somente no século 20 sua obra seria realmente avaliada e apreciada, quando se percebeu, finalmente, o valor artístico e original dos seus trabalhos, graças a pesquisadores como Argeu Guimarães. Críticos encontraram nele a influência de renascentistas italianos e de antigos mestres da pintura holandesa de gênero.
O realismo, o detalhamento naturalista e a precisão objetiva de suas pinturas levaram alguns estudiosos a considerá-las antes como documentos científicos. Foram levados a isso também porque Eckhout representou suas figuras estáticas, em meio a cenários intencionalmente ricos em detalhes de plantas, frutos e animais - sua obra seria apenas informativa, mas sem emoção.
Análises mais recentes passaram a perceber toda a sensibilidade contida em suas naturezas-mortas que, além de mostrar um lindo visual, parecem transmitir uma emoção tão viva que sugere o tato, e até mesmo o perfume e o gosto das frutas tropicais. É um apelo ao prazer do alimento e à fecundidade da terra, uma ode à vida, liberada de qualquer sentido religioso, inserida nos cânones das naturezas-mortas holandesas do século 17. São obras para deleite dos sentidos, que exibem um virtuosismo renascentista, aliado a habilidosa concepção. Surge nelas o jogo entre a aparência e a realidade, para despertar no observador os prazeres da celebração da vida e da alegria de viver. Sente-se a influência italianizante ligada à observação da natureza, que também estava presente nos primeiros pintores de flores holandeses. Eckhout dominou com requinte e maestria a arte da sugestão e da ilusão, utilizando um amplo leque de recursos técnicos, divertindo-se com a luz, a cor, a perspectiva e o plano, para levar-nos à satisfação com tanta fartura. Imagine-se o fascínio que sentia um habitante da Europa faminta daquele tempo perante uma natureza pródiga como a nossa, isto sem esquecer que para os europeus do século 17 frutas eram iguarias de luxo.
Também se interessou pelos indígenas, em especial os tapuias e os tupis, que representou em cenas de guerra, de “domesticação” e de antropofagia (a classificação “tapuia” foi empregada inicialmente em sentido amplo, abrangendo todas as tribos que não pertenciam aos tupis).
A colonização levou o índio a perder progressivamente sua identidade, que foi sendo substituída pelos traços de um ser colonizado. Assim, o tupi de Eckhout já apresenta elementos próprios à inserção colonial. Quanto ao tapuia, este sim, conserva seus atributos de guerreiro e canibal. Não esqueçamos que o interior nordestino, habitado pelas tribos tapuias, ainda permanecia muito isolado da colonização e hostil.
O artista mostra-nos um índio tupi domesticado, integrado ao sistema econômico da colônia - e o seu oposto, o guerreiro tapuia. O mais interessante destas pinturas são, provavelmente, as feições e os atributos corporais. Os retratos são executados com realismo e fidelidade, excluindo qualquer tipo de folclorização ou caricatura. O imaginário europeu, que abordamos em capítulo anterior, era ávido de belos corpos e rostos formosos. Eckhout, porém, retrata figuras comuns que encontra em sua vida diária - nem as feições são sempre lindas, nem os corpos sempre torneados - embora seja também verdade que por vezes se rende ao artificialismo do décor, como quando mostra ferozes animais, símbolos de um tropicalismo selvagem e agressivo, numa cena de natureza primitiva “construída” para lá colocar seus indígenas.
Podemos recordar que por vezes os não-tupis juntaram-se aos holandeses para combater os portugueses e os brasileiros e que os laços entre estes tapuias e os flamengos se haviam estreitado devido a interesses em comum. Entretanto, a variedade das imagens vai muito além da dicotomia entre selvagens e pacificados.
Eckhout concebeu a índia como um membro ativo na antropofagia, que leva para a aldeia partes do corpo dos guerreiros vencidos. Outras representações de artistas da época, que também estiveram no Nordeste, como Georg Marcgraf ou Zacharias Wagener, seguiram esta mesma temática da índia canibal e do guerreiro recém-devorado. Outras índias de Eckhout são representadas carregando cestas, cabaças, sugerindo o nomadismo dos tapuias e mostrando o papel da mulher encarregada do transporte de materiais.
Os casais pintados pelo artista na verdade sintetizam comportamentos indígenas variados. Além disto, com as freqüentes representações de pessoas negras, ele ampliou seu repertório étnico. Não há aqui lugar para as mistificações artificiosas dos grandes pintores europeus seus contemporâneos, como Rembrandt ou Velásquez. Eckhout impõe o registro objetivo do que viu, relegando para segundo plano fantasias decorativas.
A presença do negro está intimamente ligada ao engenho de açúcar. Nestes temas, o legado do pintor inclui oito pinturas de avantajadas dimensões, onde figuram quatro casais de “tipos étnicos” das então chamadas Índias Ocidentais. Ao lado de índios e negros há também mamelucos e mulatos sendo, todavia, excluídos os portugueses e outros tipos europeus.
Esta documentação representa um panorama antropológico inédito, a respeito da mestiçagem das raças e da hibridização das culturas. Certamente, entre os artistas da corte da Nassau, foi ele quem compôs o mais amplo repertório de gêneros, combinando naturezas-mortas, retratos e paisagens, que ilustram de maneira prática o quadro econômico e social do território sob o domínio da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.
Os retratos contêm diversas referências alegóricas aos Quatro Continentes - geralmente representados como quatro casais. Por outro lado, a paisagem de fundo destas oito pinturas revela a fauna e a flora. É atribuído um significado, digamos econômico ou político, concretizado em emblemas simbólicos localizados nos cantos dos quadros. Como exemplos poderíamos citar uma presa de marfim de elefante aos pés do negro africano, a mandioca no retrato do índio tupi ou a cana de açúcar ao lado do mulato.
Trata-se de uma visão científica, motivada pela curiosidade etnográfica. As figuras femininas são sempre representadas no desempenho de suas funções domésticas. Em seu trabalho Negra com criança são exibidos frutos variados, que reportam às idéias de colheita, transporte, comida. A criança é um símbolo que bem representa a função reprodutora da fêmea. O quadro, rico em alusões visuais, mostra também um cachimbo holandês de cerâmica branca e um chapéu asiático, que traduz uma alegoria aos Quatro Continentes.
Em Guerreiro negro, o personagem é um belo combatente fortemente armado, com sua vistosa espada e lança. Não é a figura de um escravo, mas de um nobre - aliás, escravos nem podiam carregar armas.
Em outro quadro, Mulato, o homem está armado com um arcabuz e uma adaga. Os mulatos, homens libertos por causa da sua porção de “sangue cristão” europeu, podiam portar armas se fosse para lutar ao lado dos holandeses. Vale assinalar neste quadro a presença da cana de açúcar e um mamoeiro, relações simbólicas com o mulato (no início do século 16 os portugueses haviam trazido a cana de açúcar da Ilha da Madeira, para onde a tinham levado no princípio do século anterior). Por outro lado, a complexa divisão de sexualidade do mamoeiro faz alusão à mistura racial.
Nestes retratos africanos o mar ocupa o lugar do horizonte, sugerindo o caminho que liga o Brasil à África.

Por: Raul Mendes Silva

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Arqueólogos descobrem evidências de gigantesco estaleiro do Império Romano

ESTRUTURA TEM 145 METROS DE COMPRIMENTO E 60 DE LARGURA, COM ÁREA MAIOR QUE UM CAMPO DE FUTEBOL. SE CONFIRMADA, SERÁ O MAIOR ESTALEIRO DO TIPO JÁ DESCOBERTO NO MEDITERRÂNEO

Imagens geradas por computador do candidato a estaleiro encontrado pelos arqueólogos
Imagens geradas por computador do candidato a estaleiro encontrado pelos arqueólogos (Portus Project)
Uma equipe internacional de arqueólogos da Universidade de Southampton e da Escola Britânica em Roma (ambas da Inglaterra) encontrou o que pode ser o maior estaleiro de navios do Império Romano. A descoberta da gigantesca estrutura foi feita próxima ao ancoradouro natural da antiga cidade romana de Porto, ao sul de Roma. Os arqueólogos ainda precisam encontrar outras evidências, como as rampas utilizadas para jogar os navios construídos no mar, para confirmar que a estrutura realmente é um estaleiro.

O prédio encontrado data do século II e possuía 145 metros de comprimento, 60 de largura, uma área maior que um campo de futebol. Em alguns lugares, a construção tem um pé-direito de 15 metros, três vezes a altura de um ônibus de dois andares. Partes de grossos pilares de tijolo ainda estão visíveis, dispostos de modo a dar suporte para oito compartimentos cobertos com telhados de madeira.

Já se sabia que a antiga cidade de Porto era uma rota crucial ligando Roma a outros pontos do Mediterrâneo durante o Império Romano. A mesma equipe que encontrou o candidato a estaleiro investiga a cidade há vários anos, mas nunca havia encontrado uma estrutura que se parecesse com um estaleiro.
Confira imagens geradas por computador da cidade antiga de Porto:

Inicialmente, os arqueólogos pensaram que o prédio era usado como um armazém, mas a escavação mais recente mostrou que a estrutura pode ter sido utilizada para a manutenção de navios. Poucos estaleiros do Império Romano já foram descobertos, e se os cientistas conseguirem provar que o lugar realmente era usado para a construção de navios, esse será o maior do tipo na Itália ou no Mediterrâneo.

Com a ajuda de computadores, os arqueólogos conseguiram fazer uma maquete virtual do prédio. "Trata-se de uma vasta estrutura que poderia facilmente abrigar madeira ou outros suprimentos e certamente tem tamanho suficiente para condicionar a construção ou armazenamento de navios", disse Professor Keay, líder da equipe de arqueólogos da Escola Britânica de Roma. "A escala, posição e natureza única do prédio levam a crer que ele teve um papel fundamental nas atividades de construção de navios".

SAIBA MAIS

Porto, a cidade portuária do Império RomanoPorto foi uma cidade-porto na região de Lázio, Itália, ao sul de Roma. Foi construída por ordem do imperador Cláudio no ano 42 d.C. na margem direita da foz do rio Tibre. A ideia era substituir o principal porto fluvial do império, Ostia, situado na margem esquerda do Tibre, em frente a Porto. O ancoradouro original ficou praticamente inutilizado para barcos de grande porte devido a acumulação de detritos depositados ao longo do tempo na foz do Tibre. Por isso, foi construído um novo complexo portuário para assegurar os negócios de Roma.
Evidências — Em 2009, os cientistas encontraram uma espécie de Palácio Imperial ao lado de um anfiteatro. Os pesquisadores acreditam que os prédios formavam um complexo de onde oficiais do império coordenavam o movimento dos navios e das cargas dentro do porto. O estaleiro seria parte integral da estrutura.

Outra pista foi encontrada em inscrições na cidade de Porto. As marcas registram a existência de uma corporação de construtores de navios na cidade. Além disso, um mosaico encontrado em uma antiga mansão na saída a sudeste de Roma, e que agora está no Museu do Vaticano, mostra a fachada de um prédio similar ao encontrado pelos pesquisadores, claramente exibindo um navio em cada um dos oito compartimentos.

Contudo, os arqueólogos reforçam que precisam encontrar mais provas de que o prédio era realmente um lugar onde acontecia a construção de navios durante o império romano. Os pesquisadores ainda não descobriram rampas que teriam sido usadas para jogar os navios no mar. "Elas podem estar em camadas mais profundas do solo", disse Keay. "Se encontrarmos essas rampas, não teremos mais dúvidas, mas pode ser que elas não existam mais".

sexta-feira, 20 de abril de 2012

OS DONOS DOS NOMES DE ALGUMAS RUAS IMPORTANTES DO RECIFE

Agamenon Magalhães: Nasceu em Serra Talhada, Pernambuco, em 1893 e faleceu no Recife no dia 24 de agosto de 1952. era Geógrafo de formação, mas atuou também como promotor de Direito. Fez carreira na política sendo deputado federal entre os anos de 1918 e 1945. Governou Pernambuco entre 1937 e 1950. Foi também Ministro da Justiça e do Trabalho.
Fernandes Vieira: João Fernandes Vieira nasceu em Faial, Ilha da Madeira, em 1613. Faleceu em Olinda no ano de 1681. Era um mulato de origem pobre que chegou a ser senhor de engenho e ficou marcado pela crueldade com que tratava seus escravos. Mesmo com essa mácula, ficou também eternizado como “Herói da Restauração Pernambucana” por ter participado ativamente na expulsão dos holandeses.
Marquês do Herval: Manuel Luís Osório nasceu em Conceição do Arroio (Atual Osório), Rio Grande do Sul, no dia 10 de maio de 1808 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 04 de Outubro de 1879. Foi um militar que fez carreira política durante o Império.
Conde da Boa Vista: Francisco do Rego Barros, nasceu no Cabo de Santo Agostinho no dia 04 de fevereiro de 1802 e faleceu no Recife, no dia 04 de outubro de 1870. Era irmão de João do Rego Barros, o Barão de Ipojuca. Fez carreira militar e acabou sendo preso e enviado para Portugal. Depois da prisão, mudou-se para a cidade de  Paris onde bacharelou-se em Matemática. De volta ao Recife dedicou-se a política. Foi ele quem autorizou a construção do Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco. Por decreto de 18 de junho de 1841 foi agraciado com o título de barão, recebendo o título de barão com grandeza por decreto de 2 de dezembro de 1854. Promovido a visconde, com grandeza, em 12 de dezembro de 1858 e elevado a conde da Boa Vista, em 28 de agosto de 1860. O Conde da Boa Vista viveu até o fim dos seus dias na Rua da Aurora, nº 405, onde hoje funciona a Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Dantas Barreto: Emídio Dantas Barreto nasceu em Bom Conselho, Pernambuco, em 1850 e faleceu no Rio de Janeiro em 1931. Era militar de carreira e ganhou notoriedade por ter participado da Guerra de Canudos. Foi Ministro da Guerra no governo Hermes da Fonseca, governou Pernambuco entre os anos de 1911 e 1915 e foi Senador da República.
Conselheiro Rosa e Silva: Franco de Assis Rosa e Silva nasceu no Recife no dia 04 de Outubro de 1856 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 01 de julho de 1929. Político de carreira, foi vice-presidente no governo Campo Sales. Rosa e Silva tem uma curiosidade na sua carreira política: serviu ao Império e a República. O Conselheiro Rosa e Silva entrou para história como o mentor do incêndio que destruiu o Mercado do Derby – atual QG da Polícia de Pernambuco – para afrontar Delmiro Gouveia, o criador do grande empreendimento comercial e inimigo político de Rosa e Silva e do governador de Pernambuco Sigismundo Gonçalves.
Mascarenhas de Morais: João Batista Mascarenhas de Morais nasceu em São Gabriel, Rio Grande do Sul, no dia 13 de novembro de 1883 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 17 de setembro de 1968. Foi um comandante militar e atuou na Segunda Guerra Mundial. Ganhou notoriedade por ser um grande opositor de Getúlio Vargas.
Visconde de SuassunaFrancisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque nasceu em Jaboatão no dia 10 de junho de 1793 e faleceu no Recife no dia 28 de Janeiro de 1880.Era irmão do Barão da Muribeca. Teve atuante carreira política durante o Império sendo Senador e Ministro da Guerra. Foi agraciado com o título de visconde com grandeza por decreto de 14 de março de 1860
Demócrito de Souza Filho: nasceu no Recife no dia 27 de outubro de 1921 e foi assassinado, pela polícia da Ditadura Vargas, na Praça da Independência, em frente ao Diário de Pernambuco, no dia 03 de março de 1945. Demócrito era ferrenho crítico de Getúlio Vargas. Depois de ter rasgado uma foto do ditador, foi perseguido e se refugiou no prédio do Diário de Pernambuco. Durante um discurso de Gilberto Freyre feito da sacada do prédio, a polícia abriu fogo em vária direções e uma das balas atingiu Demócrito e outra o Carvoeiro Manoel Elias.
Marquês de OlindaPedro de Araújo Lima nasceu em Gameleira, Pernambuco, no dia 22 de dezembro de 1793 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 07 de junho de 1870. Foi regente e primeiro-ministro do Império Brasileiro. Durante mais de 50 anos de vida pública, foi ministro dos Negócios, da Marinha, da Justiça, da Guerra, da Fazenda e da Agricultura.

Autor: Prof. Ed Cavalcante

domingo, 8 de abril de 2012

Coordenadas Geográficas

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Localização geográfica

A: 40º Norte e 140º Oeste
Obs: A localização do ponto “A” é a interseção entre o paralelo de 40ºN e o meridiano de 140º oeste.

B: 40º e 50º Norte – 140º e 160º Leste
Obs: o ponto “B” está dentro de um quadrante (dois paralelos e dois meridianos), diferentemente do ponto “A”, que é uma interseção, esse tipo de localização é mais ampla, normalmente utilizada para delimitação de regiões, fronteiras. É, portanto, menos precisa do que a anterior.

Usando os dois exemplos acima, dê a localização geográfica dos demais pontos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

A Revolução Pernambucana

Revolução Pernambucana de 1817 foi o último movimento de revolta anterior àIndependência do Brasil. Mas, diferentemente de todos os outros movimentos sediciosos que eclodiram no período colonial, a Revolução pernambucana conseguiu ultrapassar a fase conspiratória e atingir a etapa do processo revolucionário de tomada do poder. As causas da Revolução pernambucana estão intimamente relacionadas ao estabelecimento e permanência do governo português no Brasil (1808-1821).

Quando a Corte portuguesa abandonou Portugal e estabeleceu-se no Brasil, fugindo da 
invasão napoleônica, adotou uma série de medidas econômicas e comerciais que geraram crescente insatisfação da população colonial. A implantação dos novos órgãos administrativos governamentais e a transmigração da Corte e da família real portuguesa exigiram vultosas somas de recursos financeiros. Para obtê-las, a Coroa lusitana rompeu com o pacto colonial, concedendo inúmeros privilégios à burguesia comercial inglesa, e criou novos impostos e tributos que oneraram as camadas populares e os proprietários rurais brasileiros.

Ideais liberais em Pernambuco

Em nenhuma outra região, a impopularidade da Corte portuguesa foi tão intensa quanto em Pernambuco. Outrora um dos mais importantes e prósperos centros da produção açucareira do Nordeste brasileiro, Pernambuco estava atravessando uma grave crise econômica em razão do declínio das exportações do açúcar e do algodão. Além disso, a grande seca de 1816 devastou a agricultura, provocou fome e espalhou a miséria pela região. A insatisfação popular, que já era grande, generalizou-se diante dos pesados tributos e impostos, cobrados pelo governo de dom João.

Foi também em Pernambuco, que os princípios de "liberdade, igualdade e fraternidade", que compunham os ideais da 
Revolução Francesa de 1789, encontraram "solo fértil" para circular e se propagar. Coube as sociedades secretas e ao maçons, a organização de permanentes e acirrados debates sobre as novas doutrinas revolucionárias, com o propósito de avaliar a adequação dessas idéias à situação de crescente insatisfação da população colonial da região do Nordeste brasileiro. Destacaram-se neste trabalho, os padres João Ribeiro e Miguelinho, e os líderes maçons Domingos José Martins e Antônio Cruz.

Governo provisório

O movimento de revolta ainda estava em sua fase preparatória, quando o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro tomou conhecimento da conspiração, ordenando, em seguida, a prisão imediata dos envolvidos. Porém, os pernambucanos rebeldes conseguiram resistir ao cerco das tropas militares oficiais. Esse fato é considerado como o estopim da rebelião, que rapidamente ganhou força. Diante disso, o governador fugiu do palácio, mas foi preso pelos rebeldes.

Os rebeldes tomaram o palácio e em pouco tempo dominaram Recife. Os líderes da rebelião chegaram a constituir um governo provisório, composto por representantes de várias classes sociais. A partir de então, para consolidar o movimento revolucionário, os rebeldes adotaram uma série de medidas de caráter político e econômico com objetivo de obter o apoio da população e das elites locais. De imediato, o governo provisório ordenou a libertação dos presos políticos, aumentou o soldo dos soldados, aboliu os títulos de nobreza e extinguiu alguns impostos.

Falta de apoio e repressão

O governo provisório também organizou grupos de emissários, que ficaram encarregados de se dirigirem para as províncias do Norte e Nordeste para desencadear um movimento revolucionário mais amplo. Na Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, porém, as tentativas malograram diante da repressão desencadeada por forças militares oficiais, e também pela falta de apoio popular. Em Pernambuco, dom João ordenou uma violentíssima repressão militar contra os revolucionários.

As tropas oficiais atacaram por terra e mar, cercando o porto de Recife com uma grande esquadra. O governo provisório durou 75 dias, os revolucionários pernambucanos foram derrotados. Os que não morreram em combate foram rapidamente presos. Todos os líderes revolucionários presos acabaram sendo sumariamente condenados à morte, entre eles: Teotônio Jorge, padre Pedro de Souza Tenório, Antônio Henriques e José de Barros Lima.

República e revolução

As lideranças do movimento revolucionário tinham como projeto político o estabelecimento de uma República e a elaboração de uma Constituição, norteadas pelos princípios e ideais franceses de igualdade e liberdade para todos. Mas, o ideário republicano dos rebeldes encontrou alguns limites de classe diante da questão do trabalho cativo. Para não perder o apoio dos proprietários de engenho locais, as lideranças do movimento revolucionário não chegaram a propor uma ruptura radical com a escravidão negra. Não obstante, a Revolução pernambucana, apesar do seu fracasso, entrou para a história como o maior movimento revolucionário do período colonial.
* Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais, é autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: Gênese e Atuação Política -1972-1985" (Edufscar).

Fonte: UOL Educação